28.2.08

little boy – a rosa radioativa, estúpida e inválida


“Enquanto eu procurava por minha filha, caminhei sobre uma montanha de corpos. Vi cadáveres de pessoas que, provavelmente, correram para jogar seus rostos na água da cisterna, onde todos morreram com seus braços ao redor dos outros. Como eles devem ter gritado por água! Meu coração doeu por eles. E juntei minhas mãos em oração”.

O desenho e o relato são de Kikue Komatsu, que tinha 37 anos quando a Little Boy caiu em Hiroshima. Em 1974, a NHK pediu para que os sobreviventes enviassem desenhos e relatos sobre esse crime. O resultado foram os resíduos de uma catástrofe hereditária, e passou a fazer parte do acervo do Hiroshima Peace Memorial Museum. Em 2005, 60 anos depois da tragédia, o MAC de São Paulo trouxe 80 desenhos para a exposição Hiroshima – Testemunhas e Diálogos.

Toda guerra é burra e não há mocinhos e vilões. Guerras não são românticas nem heróicas, não há medalha ou homenagem que apague as visões do puro horror. Num momento em que Holocausto está sendo escrito sem o H maiúsculo, temos que tocar constantemente na ferida para que catástrofes como essas não ocorram mais. Apesar de a exposição ter ocorrido há dois anos, é possível ver e lê-la pela página do MAC.


6 de agosto de 1945. Uma mãe, atônita, segura seu filho morto com toda a força.
Fumiko Shibata, 24 anos em 1945.

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