1.3.08

meu pé de laranja lima

Amo e odeio o Rio. Ultimamente tenho odiado mais que amado. Olhando de longe, é uma cidade linda, uma maravilha de cenário, mas é só dar uma volta que tudo muda de tom. A desordem urbana é mais que absurda! Camelôs, entregadores de panfletos, moradores de rua, trânsito caótico, falta de fiscalização, ausência de sinalização, má conservação... Enfim, os cariocas acreditam tanto na própria malandragem e na leveza de seu cotidiano, que ficam excessivamente informais. Durante algumas décadas, o Rio acolheu muitos imigrantes, mas muitos deixaram a cidade nas décadas de 80 e 90. A maioria viveu nos bairros do Flamengo e Laranjeiras, e justamente falando de Laranjeiras que “homenageio” o 443° aniversário do Rio.


Parque Guinle

Como diz meu pai, Laranjeiras é uma reta. É praticamente tudo que cerca a Rua das Laranjeiras, do Largo do Machado até o início do Cosme Velho. Logo, se algo acontece na rua, o bairro pára. Faz fronteira com Botafogo, Flamengo, Santa Teresa e Cosme Velho. Praticamente um bairro de passagem, para subir ao Corcovado tem que passar por ali. Sobrevive do pequeno comércio e não há muitas opções de lazer, compras, serviços etc. De alguns anos para cá, como um puxadinho da boemia “descontraída” de Santa Teresa, o bairro tem recebido alguns cafés, bares e ateliês, mas nada que encha os olhos. Infelizmente, sofre com o esquecimento do governo municipal e o aumento no número de roubos. Fora o insuportável trânsito na hora do rush – felizmente o bingo foi fechado, mas tem as escolas e suas filas duplas.


Casas Casadas

Bom, não só de coisas ruins vive Laranjeiras, aposto que quando os turistas passam por lá, acham o bairro simpático. E realmente é, mas sem exageros. Pode não ter a sofisticação de Ipanema e Leblon, mas ainda não é desagradável como Botafogo e Copacabana (desculpe, mas acho Botafogo caótico e cheio de cocôs, Copa é uma triste decadência). Gosto particularmente dos prédios antigos da General Glicério e os que circundam o Parque Guinle, conservam um modernismo limpo dos traços de Lúcio Costa. É em Laranjeiras a sede do governo estadual, a residência do governador e o Fluminense – se um dia estiver perto e na hora do almoço, o restaurante do Fluminense oferece comida honesta, e você ainda encontra a Juliana Veloso e os jogadores (como se eu soubesse quem é quem).


Rua General Glicério
Escola Nacional de Surdos e Mudos

O grande número de japoneses no bairro pedia uma mercearia com produtos orientais. Por alguns anos o Kotobuki era apenas um mercadinho oriental que concorria com o Fuji, há poucos metros no mesmo lado da rua. O Kotobuki cresceu, virou restaurante fenômeno e fechou. Já o Fuji continua fornecendo os shoyus, mirins e ajinomotos. Apesar dos pesares, o bairro é continua sendo queridinho no meu coração. As criticas que faço ainda são muitas, mas elas também se estendem aos outros bairros. Laranjeiras é um dos bairros mais antigos do Rio. Ah, e apesar do nome, não tem um pé de laranjeira. Para saber mais sobre sua história, recomendo as visitas guiadas pela excelente e simpática professora Angélica, é só me mandar um e-mail ou deixar nos comentários.

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