15.3.08

toda mulher é meio leila diniz

Devo e não nego! Prometi um post especial para o Dia Internacional da Mulher, mas devido a outros compromissos, o post vem com uma semana de atraso. Desculpe.

Histórias de princesas ainda encantam meninas de todo mundo. No século passado, uma plebéia inglesa alimentou ainda mais esse reino. Na versão bonitinha, Diana casou-se com o orelhudo Charles, os dois tiveram dois filhos homens, se divorciaram e ela morreu tragicamente num acidente de carro. Já na versão alternativa, Diana roubou Charles de sua irmã e teve diversos casos enquanto ele queria ser o o.b. da amante. A relação ficou insustentável e os dois se divorciaram, para o bem da saúde da rainha. Porém, uma vez princesa, sempre princesa. Grávida, ou não, Diana morreu (ou foi assassinada) num acidente automobilístico ao lado de seu namorado Dodi.

Depois do primeiro parágrafo, você provavelmente deve estar pensando o que os moradores do Palácio de Buckingham tem a ver com este blog. Tudo e nada, eu respondo. Na terra em que calcinhas usadas são vendidas em vending machines, uma outra princesa vive pressões parecidas com as de sua colega. Poliglota, bacharel em artes, formada em economia por Harvard e com pós-graduação, não concluída, em relações internacionais em Oxford, Masako Owada casou-se com o príncipe-herdeiro Naruhito aos 29 anos. Um sonho para qualquer japonesa.

Masako tinha uma carreira promissora no Ministério de Relações Exteriores japonês, mas teve que abandoná-la porque a Constituição Japonesa não permite que membros da família imperial envolvam-se com atividades políticas. Os protocolos e a vida reclusa da realeza nipônica não a agradavam, mas a obrigação de ter um filho homem era a mais cansativa das pressões. Depois de tentativas sem sucesso, Masako teve uma filha, Aiko. Ao mesmo tempo, alívio e decepção. Numa sociedade patriarcal, não é surpreendente que sua Constituição também seja. Uma mulher pode assumir o trono? A maioria dos japoneses diz que sim, mas ainda enfrentam o conservadorismo de alguns políticos.

Masako sempre foi uma Monalisa para mim, por mais ensaiado que seja o comportamento de um membro da realeza, ela sempre me passou a sensação de desconforto. Sua sogra, a imperatriz Michiko foi a primeira plebéia a entrar na realeza japonesa. Quem a vê com seus famosos chapéus e luvas jamais imaginaria que a delicada imperatriz sofreu dura oposição de sua sogra. Mas o que mais me intriga é por que Masako aceitou esta vida?

Cara de apaixonada ela nunca teve. Segundo contam, foi a insistência do príncipe Naruhito que a levou ao altar. Ano passado, um escritor australiano lançou uma biografia da princesa. O livro foi duramente criticado pela Família Imperial e pelo governo japonês por relatar os anos de alto stress e depressão que Masako sofreu até Aiko nascer. Japoneses têm dificuldade em aceitar verdades. Foi só após a morte da sogra da imperatriz que se soube do grande stress que Michiko foi submetida, talvez só daqui a alguns anos a Família Imperial admitirá que os sentimentos de Masako nunca transpareceram nas fotos.

Ainda vê-se mulheres andando um passo atrás dos maridos. Ainda há agressões domésticas silenciadas pela vergonha, ainda há a idéia do dever de submissão feminina. As boas mulheres do Japão ainda cobrem a boca quando riem e acham que a voz infantilizada agrada aos homens. Essa caricatura exótica para inglês ver esconde as verdadeiras boas mulheres do Japão. Estas são modernas desde sempre e sentem o grão de arroz debaixo do colchão.

Um comentário:

Daniel Miyagi disse...

Para vc ver como a sociedade japonesa eh machista. Por exemplo nas fabricas, a mulher e o homem podem fazer o mesmo servico, mas ela recebe pelo menos uns 30, atee 40 por cento menos que o homem.