8.2.08

fugiro entrevista

O Fugiro “rouba” um pouco a idéia do Expatriados e lança uma nova sessão, O Fugiro Entrevista. Nessa primeira edição, eu entrevisto Mari Ueoka, que vive há quase 11 anos no Japão. Filha de japoneses, nasceu e cresceu no Brasil. Casada e com três filhos – Yúmin, Lukas e Leonardo – ela divide-se entre o trabalho e os cuidados com a família. Senhoras e senhores, eu apresento Mari.




Há quanto tempo está no Japão?

Já se passaram 10 anos e 6 meses. Cheguei em Hiroshima em agosto de 1997.

Mari, você fez o caminho inverso e foi para o Japão com sua família. Como foram os primeiros meses? Pior ou melhor que você esperava? E a adaptação?

Como meus pais já moravam aqui, viemos mais seguros, pois se houvesse alguma dificuldade, os meus pais nos ajudariam. E a adaptação foi tranqüila, mesmo no primeiro inverno, que é muito frio, adorei!!Pois eu vim grávida e no início de dezembro, no dia que o Leo nasceu, nevou! Foi a primeira vez que vi e senti a neve!!!

Muitos filhos de dekasseguis saem da escola. Seja por não conseguirem acompanhar o ritmo, as diferenças dos idiomas ou por bullying (implicância) que sofrem de colegas de classe. A Yúmin teve problemas em se adaptar?

Ela não teve nenhum problema tanto na creche e na escola primária. Acho que por morarmos numa cidade pequena os estrangeiros são ainda novidades para os pequenos japoneses até mesmo para alguns pais.A Yúmin agora está se formando no curso ginasial. Nesse período de adolescência é um pouco delicado. Mas problema por bullying por ser estrangeira, não teve.

Falando em bullying, você sente preconceito com os dekasseguis?

Como aqui na minha cidade não tem muitos dekasseguis, não vejo preconceito. Os estrangeiros são tratados como cidadãos igual aos japonêses. Pagamos impostos, procuramos seguir as normas da cidade, participamos dos eventos e festivais.

Como é seu dia-a-dia?

Acho que agora vai ficar mais agitada, pois o Leo ainda estará na escola primária, o Lukas irá para o ginásio que a escola fica numa outra cidade e a Yúmin começará o colegial, que é na capital de Hiroshima. E como preocupo com as crianças em relação à escola, procuro participar nas reuniões, atividades, eventos, apresentações deles nas escolas. Pensando em família, nos fins de semana, procuramos passear. Agora no inverno, não temos muitas opções, por causa do frio e da neve. Nós vamos nos shoppings, pois tem tudo em um lugar. Passeio extra é ir na pista de esqui, pois só tem no inverno.

Quando esquenta passeamos para lugares abertos, até um churrasquinho com os amigos no parque fazemos.

Depois de tantos anos, seu olhar sobre o Brasil mudou?

Tive no Brasil há 4 anos. O Brasil mudou externamente, mas internamente, eu não posso te dizer, pois não moro aí. Assistindo notícias pela tv, ou lendo artigos pela internet, não é suficiente para saber.

Tem planos de voltar?

Para falar a verdade, no momento não planejamos. Pensando no bem estar das crianças (que são mais japonesas que brasileiras), na educação, que para o Leo ainda faltam 10 anos (se ele fizer uma faculdade), nós vamos ficando por aqui. Quando eles já estiverem independentes, quem sabe eu e o Mauro pensaremos em voltar.

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