7.12.08

picada

Este blog ficou parado por muito tempo, mesmo assim recebi comentários de posts do tempo de Matusalém. O título era Seirogan - a trompeta intestinal, o santo remédio que cura qualquer revolução intestinal. Pensando nele, lembrei de outro santo remédio: o alívio para as picadas de pernilongos. Muhi. O que seria do meu verão sem ele? Meu sangue deve ser o Verve Clicquot dos sangues, porque os danados gostam do que bebem. Muhi salva qualquer coceira, tem cheiro de salompas (nem todo mundo gosta), mas tem que ser na forma líquida, o creme não funciona bem!

salariman


Dias desses meus pais estavam comparando Shall We Dansu com seu remake hollywoodiano. “Eles fizeram tudo igualzinho, mas Richard Gere não tem cara de sarariman”.

“Salariman”. Há milênios não ouço essa palavra, que vem, japoneticamente falando, do inglês salaryman. São pobres assalariados que realizam trabalhos burocráticos dentro de grandes corporações. A imagem de sujeitos desanimados e pouco originais é sempre usada em filmes e mangas. Fora da ficção, são facilmente identificáveis, pois são tão caricaturais quanto.

Como reconhecer um sarariman:

- É mais que evidente que sua vida gira ao redor do seu cubículo no escritório

- Estão sempre fazendo hora-extra

- São pouco originais – em todos os sentidos

- Pouco competitivos

- Obedientes dentro da empresa

- Adoram um karaokê e fumam loucamente

- Estão sempre de camisa branca, terno e gravata.

Os mais radicais são chamados de kaisha no inu (cachorro da empresa, numa tradução mais livre). Os que se rebelam e querem sair dessa vida, cometem o datsusara, que significa sair do emprego e arranjar outro trabalho. A nova ocupação é ser dono do próprio nariz, ser o próprio patrão. Opção difícil, pois não há garantia de sucesso e é preciso uma boa quantia de dinheiro para poder recomeçar.

Então, caro leitor, quando vir um sujeito parecido com a descrição acima, dê um sorriso e mostre que há vida inteligente fora do escritório!

Salaryman 6. Dir. Jake Knight

28.6.08

I could dance all night

Confesso que fui ao concerto ao Municipal só para ver o príncipe. Quando confirmei minha presença, não sabia qual seria o programa. Para minha alegria, a Orquestra Sinfônica da Petrobras fez bonito executando composições de Villa-Lobos e Guerra Peixe, além das participações especiais. Mas e o príncipe? Bom, o príncipe sorria o tempo todo ao lado do governador Trakinas. Totalmente alheio aos constantes comentários que recebia ao pé do ouvido. Ao fim de cada música, batia palmas com as mãos bem abertas, como uma criança. Achei tão engraçado que virei fã. Depois de matar minha curiosidade em ver um membro da realeza, sentei como gente normal e aproveitei a noite. Apesar de os jornais terem escrito que a Joyce emocionou a platéia, eu achei que ela estragou a noite. A cobertura do concerto você lê aqui.

21.6.08

Sob o sol dos trópicos, um homem veio em seu cavalo branco. Seus cabelos balançavam e sua postura ereta mostrava que era um príncipe de verdade. Apesar do calor, nenhuma gota de suor. Tudo bem, não foi bem assim, mas o príncipe é de verdade. Em solo brasileiro desde a última terça-feira, o príncipe herdeiro do trono japonês, Naruhito, tem esbanjado simpatia e quebrado o sisudo protocolo japonês. Até um agradecimento em português ele já fez! Ontem, no concerto da OSESP na Sala São Paulo, aplaudiu de pé por quase três minutos. Na próxima segunda-feira vou conferir se esse príncipe é realmente encantado/encantador. Depois passo aqui para contar tudo.

8.6.08

origami


Na temporada primavera-verão de 2004 da São Paulo Fashion Week, Jum Nakao encantou a platéia com seu desfile. Não sei quais adjetivos poderia usar, mas foi a primeira vez que me emocionei vendo um desfile. A delicadeza das roupas de papel, minuciosamente cortadas, dobradas e talhadas com estilete era impressionante. Para surpresa de todos, ao final do desfile, as modelos rasgaram seus vestidos, arrancando lágrimas de uma platéia acostumada ao blasé.

Hoje, na exposição Nippon, em cartaz até 13 de julho no CCBB, vi dois vestidos do projeto Costura do Invisível. Meninos e meninas, é realmente impressionante. Imaginei os manequins ganhando vida e destruindo aquelas obras, quase chorei. A Costura do Invisível é mais que um desfile memorável, sua concepção está registrada num livro/dvd editado pela Senac. Os bastidores do desfile você confere aqui.

Ah, sim, a exposição. Minha peregrinação começou com um desorganizado e decepcionante desfile de kimonos – eu sei que tentaram fazer o melhor, mas foi tudo muito amador. Som ruim, penteados desleixados, kimonos amassados, modelos nem um pouco modelos e atraso. – Já a exposição valeu a pena, dois andares mostrando um Japão de tradições e moderno. Além da influência da imigração por aqui. A parte do cosplay eu passei rapidinho porque me dá certa vergonha alheia, mas deu vontade de arrancar os pôsteres emoldurados de alguns animes e sair correndo. Se você puder ir, vá. E é gratuito. Tendo um tempinho, passe também na Casa França-Brasil. A exposição "Mulheres Reais - Modos e Modas no Rio de D. João VI" é um luxo. A maioria das peças é reprodução, mas algumas são autênticas. A entrada também é gratuita.

1.6.08

tv

Aproveitando o mês em que se comemora o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, o Discovery Atlas exibe o especial Japão. Para mostrar que o Japão é o país da modernidade e guardião de suas tradições, o especial usa o olhar de um pescador de atum, um tatuador, uma família designer de robôs, duas colegiais de Tókio e uma aprendiz de gueixa. Maiko é aprendiz na casa Ichimame, e ficou conhecida por expor a vida dentro de uma casa de gueixas através de seu blog. O Discovery Atlas Japão vai ao ar no dia 15 de junho, domingo, às 21:00 – horário de Brasília.

Na National Geographic de junho, há uma rápida reportagem sobre o bairro da Liberdade. Dá para ler aqui.

18.5.08

sorriso colgate









Durante minha infância e “adolescência”, concursos de miss estavam fora de moda, mas segundo quem viveu os áureos tempos de Martha Rocha, concurso de miss era um evento: “Olha a Miss Rio Grande do Sul, que linda”, “Ah, eu prefiro a Miss Goiás”, “Mas a Minas Gerais é tão simpática”. Hoje, a única forma de distinguir quem é a representante de cada estado é pela faixa, porque a fórmula estica-e-puxa + silicone = 27 irmãs gêmeas.

Na noite do último sábado, a bancária Karina Eiko Nakahara, de 26 anos, foi eleita a Miss Centenário Brasil-Japão. Karina é neta de japoneses, natural de Mogi das Cruzes (SP), tem 1,76m, pesa 56 kg e é recém-formada em odontologia. Por mais incrível que pareça, as misses descendentes de japoneses não têm a mesma cara. Sem querer ser maldoso, mas já sendo, algumas estão ali por W.O.

Karina Eiko Nakahara ganhou um carro zero e uma viagem a Punta del Este, além de ser coroada pela Miss Brasil (e vice Miss Universo, e atual Mulher-Aranha) Natália Guimarães, que não guardou mágoa de ter perdido a coroa de mais bonita do mundo para uma japonesa bem mais ou menos.

O evento no estádio do Ibirapuera foi apresentado por Sabrina Sato e Kendi (?), além da presença da primeira-dama do Estado, Mônica Serra e do desenhista Maurício de Souza. A festa foi encerrada com o show do KLB. Dizem que o L está bem íntimo da Natália Guimarães. Se a apresentação deles teve influência da Mulher-Aranha, definitivamente ela ainda guarda mágoa de ter perdido para uma japonesa com cara de esquilo.

10.5.08

ink


Estava numa livraria quando vi um livro-catálogo de tatuagens, olhei para o lado e vi um garoto com seu nome tatuado em japonês, “Buruno”. Acho essas coisas engraçadas, mas para um japonês conservador, é um atestado de burrice. De fato, a tatuagem no Japão ainda é associada à criminalidade. Em muitos lugares, como saunas, piscinas, academias e casas de banho, a entrada de tatuados é proibida.

Durante o período Yayoi (300 AC – 300), a tatuagem tinha conotação espiritual e era símbolo de status. Na era seguinte, a Kofun (300AD – 600), a tatuagem passou a ser sinônimo de punição, assim como nos escravos romanos. Só na era Edo (1600 – 1860) que a tatuagem japonesa passou a se desenvolver como a conhecemos hoje, principalmente pela influência do romance chinês Suikoden – épico de grande sucesso que conta a história de 108 bravos guerreiros a lá Robin Hood que tinham seus corpos tatuados com figuras de dragões, demônios, flores e tigres.



A tatuagem japonesa diferencia-se por não usar agulhas, mas uma talhadeira e, claro, a famosa tinta Nara, que fica numa tonalidade azul-esverdeada sob a pele. Durante a era Meiji, meados do século IXX, a tatuagem foi proibida no Japão, voltando a ser permitida só em 1945. Durante esse período, a conotação underground só fez aumentar a procura por tatuadores clandestinos, muitos dos interessados eram marinheiros estrangeiros.



Como disse no início deste post, a tatuagem no Japão ainda é associada à criminalidade, principalmente a Yakuza. Assim como toda boa máfia, os grupos fazem das tatuagens uma prova de lealdade e poder. É quase um clichê em filme quando um homem tatuado entra numa casa de banho e os outros clientes fogem correndo.




Mas claro que pelas bandas de lá, as tatoos também estão na moda. Enquanto por aqui as mais pedidas são ideogramas japoneses, por lá são palavras em sânscrito.

faxina!

Tirando a poeira e as teias de aranha deste blog. Peço desculpas a quem veio aqui e não viu atualizações, pois ando bem ocupado e o Fugiro ficou meio esquecido. Só falta passar um paninho úmido para as coisas voltarem aos eixos.

PS: João Carlos, deixe um comentário ou seu e-mail, por favor!
PS2: Dei um pulo em São Paulo no feriadão e tomei um Ramune!

9.4.08

limonada



Para uma criança ou alguém com idade mental equivalente (eu me incluo), não há bebida mais divertida que Ramune. Não pelo gosto, pois é uma soda limonada – Lemonade > Lamune > Ramune – mas mais pela garrafa. Quando ela é aberta, uma bola de gude cai para dentro e não sai mais! Isso mesmo, uma bola de gude dentro da garrafa, essa é a graça. O Ramune chegou ao Japão pelas mãos de um farmacêutico escocês no fim do século 19, mas só ficou popular depois da Segunda Guerra. O sabor mais tradicional é o de limão, mas há outros inacreditáveis sabores: pêssego, abacaxi, kiwi, melão, morango, laranja, lichia, chiclete, curry e wasabi!

No Brasil, é facilmente encontrado em São Paulo. Eu só conheço o de limão e juro que é diferente das outras sodas, talvez pela bolinha de gude...



4.4.08

demência

Ando perplexo com a história da menina que foi jogada do sexto andar em São Paulo. Não consigo entender por que alguém faria isso. Na mesma semana, uma outra notícia também me deixou embasbacado. Nos Estados Unidos, nove crianças entre oito e dez anos se juntaram para matar a professora. O sinistro plano foi minuciosamente arquitetado, cada um tinha seu papel. Um cobriria as janelas, outro atrairia a professora, outro a prenderia com uma algema e limparia a cena do crime. O plano só foi descoberto após uma menina ver uma faca na mochila do colega e relatado à professora.

Minha mãe disse que essas coisas acontecem toda hora no Japão. Não é bem toda hora, mas é cada vez mais freqüente. Lembro do caso de um menino de 12 anos que seqüestrou um de cinco e o esfaqueou simplesmente para ver como uma pessoa morre. Se já não fosse bárbaro demais, ele ainda fincou a cabeça do menino no portão da escola. O caso foi noticiado ininterruptamente nos noticiários de lá e levantou a discussão sobre a influência da mídia sobre as crianças.

Acho que responsabilizar televisão, internet e jogos é apenas uma forma de jogar a batata quente para o colo do outro. A rápida industrialização no fim do século passado no Japão mexeu dramaticamente nas relações familiares. Com oferta de trabalho nas cidades, famílias rurais tentaram a sorte em fábricas e empresas. A rígida rotina de trabalho obrigou pais a delegarem o papel da educação à escola, e a falta de diálogo tornou as famílias meramente pessoas que dividem uma casa.

Uma amiga japonesa que passou quase um ano no Brasil disse que ficou chocada como minha irmã e eu nos damos bem. Segundo ela, é raríssimo encontrar irmãos que se falam no Japão. Ao pesquisar mais sobre o assunto, vi inúmeras notícias de dekaasseguis cometendo crimes, inclusive assassinatos brutais. Poderia me estender mais sobre o assunto, mas prefiro parar por aqui.

28.3.08

2 eventos no rio

Noite do Japão

Culinária, apresentações de Taiko, Kendo, Bon Odori e exposição de Ikebana. Tudo num único lugar.


Quando: 5 de abril – 19:00 às 24:00

Onde: Nikkey – Rua Cosme Velho, 1166. Cosme Velho

Reservas de Mesas: 25569010 / 25585991

Entrada Franca

Sugiro reservar mesa e chegar no início da noite, pois estacionar no Cosme Velho é um sufoco.


36° Undokai

A tradicional gincana para todas as idades.

Quando: 1° de maio – 09:00 às 16:00

Onde: BACS – Base Almirante Castro e Silva, Ilha do Mocanguê Grande. Niterói

A entrada da BACS fica na Ponte Rio - Niterói.

25.3.08

aos fashionistas deste blog



Alexandre Herchcovitch diz que o brasileiro ousa muito pouco quando se trata de moda. Concordo plenamente, por isso adoro o libertário japanese way de se vestir. Pesquisando sobre a figurinista Milena Canonero (+ em breve), descobri o Tokyo Street Style, um site com fotos de transeuntes estilosos de cinco áreas da capital nipônica. Passeando pelo mundinho fashion daqui, vejo sempre a mesma tentativa em ser hype: big óculos escuros, carinha blasé e um look desconexo. No TSS dá para se inspirar e fugir de caricaturas.

Antes que brasileiros xiitas e sunitas atirem pedras em mim. Quando falo que brasileiros são conservadores, me incluo também. Não saio da zona segura e nem tenho paciência para editorial de moda (meu cabelo é testemunha). Se abrirem meu armário, verão que não passo do clichê jeans e camiseta.



21.3.08

kasatô marú e festa de que não começou

O jornal francês Liberation.fr publicou um artigo sobre as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Os franceses se surpreenderam com o fato de um país celebrar uma imigração e indagaram por que nunca houve esse tipo de comemoração na França. Quem conta melhor é a Maria Lina, do blog Conexão Paris: “Uns indagam porque na França nunca houve comemorações deste tipo. Outros respondem que isto seria impossível visto a tensão existente entre franceses e imigrantes e entre grupos de imigrantes de origens diferentes. Uma comemoração qualquer poderia levantar uma série de manifestações contrárias à entrada e à presença de imigrantes na França, discussões políticas sem fim do tipo porque comemorar este grupo de imigrantes e não um outro”.

É importante dizer que a imigração japonesa só é celebrada porque foi de grande importância para o Brasil. Assim como os italianos e alemães, os japoneses contribuíram para o rápido desenvolvimento de diversos segmentos no século passado, principalmente no setor agrário. Por aqui, as celebrações têm sido tímidas e isoladas, organizadas apenas por grupos de descendentes. Segundo me contaram, no Japão não há qualquer lembrança sobre o Centenário, apenas uma nota da imperatriz Michiko dizendo que estará refletindo sobre a dura vida que japoneses tiveram no Brasil. That’s all, mas eu acho muito pouco. Nem vou de dizer como o Rio está comemorando, a pobreza é tanta que dá até vergonha.

19.3.08

um dia de cão



Uma máxima do jornalismo diz que para se vender mais jornal basta colocar foto de criança ou bicho na primeira página. Não há nenhum estudo que comprove isso, mas é fato que notícias com animais sempre chamam minha atenção. É fato também que meu coração é frio como a Sibéria (segundo minha irmã), mas derrete-se com qualquer história bonitinha envolvendo bichos. A internacionalmente famosa Hachiko é um exemplo. Hachiko era a cadela akita de um professor universitário que morava no subúrbio de Tóquio. Todas as manhãs, Hachiko acompanhava seu dono até a estação de trem e o buscava no fim da tarde, até o dia em que o professor não voltou. No dia 21 de maio de 1925, Eizaburo Bueno sofreu um derrame e morreu na universidade. Hachiko passou a ser cuidada por parentes e amigos do professor, mas manteve sua rotina de ir à estação e esperar seu dono. Em 1934, aos 11 anos, Hachiko foi encontrada morta em frente à estação. Essa história ficou tão famosa que uma estátua foi construída em sua homenagem. Com a guerra, todas as estátuas foram derretidas, mas uma nova foi logo feita e continua em frente à estação Shibuya, em Tóquio.

Em 1987, Seijiro Koyama dirigiu o lacrimoso Hachiko Monogatari. Para este ano, um outro filme baseado na história deve chegar aos cinemas, dirigido por Lasse Hallström e com Richard Gere no elenco. Leve lencinhos!



15.3.08

toda mulher é meio leila diniz

Devo e não nego! Prometi um post especial para o Dia Internacional da Mulher, mas devido a outros compromissos, o post vem com uma semana de atraso. Desculpe.

Histórias de princesas ainda encantam meninas de todo mundo. No século passado, uma plebéia inglesa alimentou ainda mais esse reino. Na versão bonitinha, Diana casou-se com o orelhudo Charles, os dois tiveram dois filhos homens, se divorciaram e ela morreu tragicamente num acidente de carro. Já na versão alternativa, Diana roubou Charles de sua irmã e teve diversos casos enquanto ele queria ser o o.b. da amante. A relação ficou insustentável e os dois se divorciaram, para o bem da saúde da rainha. Porém, uma vez princesa, sempre princesa. Grávida, ou não, Diana morreu (ou foi assassinada) num acidente automobilístico ao lado de seu namorado Dodi.

Depois do primeiro parágrafo, você provavelmente deve estar pensando o que os moradores do Palácio de Buckingham tem a ver com este blog. Tudo e nada, eu respondo. Na terra em que calcinhas usadas são vendidas em vending machines, uma outra princesa vive pressões parecidas com as de sua colega. Poliglota, bacharel em artes, formada em economia por Harvard e com pós-graduação, não concluída, em relações internacionais em Oxford, Masako Owada casou-se com o príncipe-herdeiro Naruhito aos 29 anos. Um sonho para qualquer japonesa.

Masako tinha uma carreira promissora no Ministério de Relações Exteriores japonês, mas teve que abandoná-la porque a Constituição Japonesa não permite que membros da família imperial envolvam-se com atividades políticas. Os protocolos e a vida reclusa da realeza nipônica não a agradavam, mas a obrigação de ter um filho homem era a mais cansativa das pressões. Depois de tentativas sem sucesso, Masako teve uma filha, Aiko. Ao mesmo tempo, alívio e decepção. Numa sociedade patriarcal, não é surpreendente que sua Constituição também seja. Uma mulher pode assumir o trono? A maioria dos japoneses diz que sim, mas ainda enfrentam o conservadorismo de alguns políticos.

Masako sempre foi uma Monalisa para mim, por mais ensaiado que seja o comportamento de um membro da realeza, ela sempre me passou a sensação de desconforto. Sua sogra, a imperatriz Michiko foi a primeira plebéia a entrar na realeza japonesa. Quem a vê com seus famosos chapéus e luvas jamais imaginaria que a delicada imperatriz sofreu dura oposição de sua sogra. Mas o que mais me intriga é por que Masako aceitou esta vida?

Cara de apaixonada ela nunca teve. Segundo contam, foi a insistência do príncipe Naruhito que a levou ao altar. Ano passado, um escritor australiano lançou uma biografia da princesa. O livro foi duramente criticado pela Família Imperial e pelo governo japonês por relatar os anos de alto stress e depressão que Masako sofreu até Aiko nascer. Japoneses têm dificuldade em aceitar verdades. Foi só após a morte da sogra da imperatriz que se soube do grande stress que Michiko foi submetida, talvez só daqui a alguns anos a Família Imperial admitirá que os sentimentos de Masako nunca transpareceram nas fotos.

Ainda vê-se mulheres andando um passo atrás dos maridos. Ainda há agressões domésticas silenciadas pela vergonha, ainda há a idéia do dever de submissão feminina. As boas mulheres do Japão ainda cobrem a boca quando riem e acham que a voz infantilizada agrada aos homens. Essa caricatura exótica para inglês ver esconde as verdadeiras boas mulheres do Japão. Estas são modernas desde sempre e sentem o grão de arroz debaixo do colchão.

6.3.08

miau


Se eu tivesse que entrevistar alguém para dividir o mesmo teto, perguntaria como foi sua infância. Filmes, livros, histórias, músicas, viagens... Como já contei aqui, os filmes de Miyazaki, as histórias de Andersen, irmãos Grimm e Esopo foram muito presentes na minha infância, e estendo essa importância até hoje. Tão familiar quanto os personagens populares dos contos infantis está Doremon. Todo mundo que via esse desenho queria ter um Doremon, não só por seu bolso mágico, mas pelo conforto de ter alguém sempre por perto, acho que o maior medo de uma criança é ser abandonada.

A figura do gato-robô que veio do futuro é tão forte que tornou-se ícone japonês em 2002, numa eleição promovida pela revista Time Asia. Cheguei a pesquisar mais sobre o desenho, mas isso qualquer um que tem Google consegue fazer, o que me surpreendeu foi saber que havia vários boatos sobre o final da série. Esse súbito interesse por Doremon surgiu quando vi o último episódio e ele não condizia com o que havia ouvido até então sobre o desfecho da série.

Segundo me contaram, a bateria de Doraemon acabava e se ela fosse trocada, toda a memória dele seria apagada. Diante dessa circunstância, Nobita, o garoto preguiçoso, se empenharia nos estudos até encontrar uma forma de a bateria ser trocada e a memória não ser afetada. Esse foi um dos finais cogitados, ainda há a história de que Nobita seria um autista e tudo teria sido fruto de sua imaginação, ou uma solução genérica, Nobita estaria em coma e a série se passasse dentro de sua cabeça. Obviamente houve protesto contra esses dois últimos finais.

Vi o tal último episódio no youtube-salve-todos e chorei tanto que fiquei com dor de cabeça. Está em japonês e com legenda em inglês. Os links estão logo abaixo.

Parte 1 Parte 2 Parte 3

1.3.08

meu pé de laranja lima

Amo e odeio o Rio. Ultimamente tenho odiado mais que amado. Olhando de longe, é uma cidade linda, uma maravilha de cenário, mas é só dar uma volta que tudo muda de tom. A desordem urbana é mais que absurda! Camelôs, entregadores de panfletos, moradores de rua, trânsito caótico, falta de fiscalização, ausência de sinalização, má conservação... Enfim, os cariocas acreditam tanto na própria malandragem e na leveza de seu cotidiano, que ficam excessivamente informais. Durante algumas décadas, o Rio acolheu muitos imigrantes, mas muitos deixaram a cidade nas décadas de 80 e 90. A maioria viveu nos bairros do Flamengo e Laranjeiras, e justamente falando de Laranjeiras que “homenageio” o 443° aniversário do Rio.


Parque Guinle

Como diz meu pai, Laranjeiras é uma reta. É praticamente tudo que cerca a Rua das Laranjeiras, do Largo do Machado até o início do Cosme Velho. Logo, se algo acontece na rua, o bairro pára. Faz fronteira com Botafogo, Flamengo, Santa Teresa e Cosme Velho. Praticamente um bairro de passagem, para subir ao Corcovado tem que passar por ali. Sobrevive do pequeno comércio e não há muitas opções de lazer, compras, serviços etc. De alguns anos para cá, como um puxadinho da boemia “descontraída” de Santa Teresa, o bairro tem recebido alguns cafés, bares e ateliês, mas nada que encha os olhos. Infelizmente, sofre com o esquecimento do governo municipal e o aumento no número de roubos. Fora o insuportável trânsito na hora do rush – felizmente o bingo foi fechado, mas tem as escolas e suas filas duplas.


Casas Casadas

Bom, não só de coisas ruins vive Laranjeiras, aposto que quando os turistas passam por lá, acham o bairro simpático. E realmente é, mas sem exageros. Pode não ter a sofisticação de Ipanema e Leblon, mas ainda não é desagradável como Botafogo e Copacabana (desculpe, mas acho Botafogo caótico e cheio de cocôs, Copa é uma triste decadência). Gosto particularmente dos prédios antigos da General Glicério e os que circundam o Parque Guinle, conservam um modernismo limpo dos traços de Lúcio Costa. É em Laranjeiras a sede do governo estadual, a residência do governador e o Fluminense – se um dia estiver perto e na hora do almoço, o restaurante do Fluminense oferece comida honesta, e você ainda encontra a Juliana Veloso e os jogadores (como se eu soubesse quem é quem).


Rua General Glicério
Escola Nacional de Surdos e Mudos

O grande número de japoneses no bairro pedia uma mercearia com produtos orientais. Por alguns anos o Kotobuki era apenas um mercadinho oriental que concorria com o Fuji, há poucos metros no mesmo lado da rua. O Kotobuki cresceu, virou restaurante fenômeno e fechou. Já o Fuji continua fornecendo os shoyus, mirins e ajinomotos. Apesar dos pesares, o bairro é continua sendo queridinho no meu coração. As criticas que faço ainda são muitas, mas elas também se estendem aos outros bairros. Laranjeiras é um dos bairros mais antigos do Rio. Ah, e apesar do nome, não tem um pé de laranjeira. Para saber mais sobre sua história, recomendo as visitas guiadas pela excelente e simpática professora Angélica, é só me mandar um e-mail ou deixar nos comentários.

28.2.08

little boy – a rosa radioativa, estúpida e inválida


“Enquanto eu procurava por minha filha, caminhei sobre uma montanha de corpos. Vi cadáveres de pessoas que, provavelmente, correram para jogar seus rostos na água da cisterna, onde todos morreram com seus braços ao redor dos outros. Como eles devem ter gritado por água! Meu coração doeu por eles. E juntei minhas mãos em oração”.

O desenho e o relato são de Kikue Komatsu, que tinha 37 anos quando a Little Boy caiu em Hiroshima. Em 1974, a NHK pediu para que os sobreviventes enviassem desenhos e relatos sobre esse crime. O resultado foram os resíduos de uma catástrofe hereditária, e passou a fazer parte do acervo do Hiroshima Peace Memorial Museum. Em 2005, 60 anos depois da tragédia, o MAC de São Paulo trouxe 80 desenhos para a exposição Hiroshima – Testemunhas e Diálogos.

Toda guerra é burra e não há mocinhos e vilões. Guerras não são românticas nem heróicas, não há medalha ou homenagem que apague as visões do puro horror. Num momento em que Holocausto está sendo escrito sem o H maiúsculo, temos que tocar constantemente na ferida para que catástrofes como essas não ocorram mais. Apesar de a exposição ter ocorrido há dois anos, é possível ver e lê-la pela página do MAC.


6 de agosto de 1945. Uma mãe, atônita, segura seu filho morto com toda a força.
Fumiko Shibata, 24 anos em 1945.

tia pecúnia

O Banco Central e o governo japonês anunciaram o lançamento de duas moedas comemorativas ao centenário da imigração japonesa. A brasileira terá o valor de R$ 2 e tiragem inicial de 2000 moedas. Elas serão vendidas a partir de junho pelo site do BC e escritórios regionais. Cada uma custará 20 dinheiros. Numa das faces, a imagem do Kasato Maru, o navio que trouxe os primeiros imigrantes. Na outra, uma colona colhendo caquis.

Já a moeda japonesa de 500 ienes (aproximadamente R$ 8) trará a representação do monumento aos imigrantes japoneses instalado no Boqueirão, em Santos, e desenhos de ramos entrelaçados de cerejeira e café. Não foi divulgado o preço nem como será vendida. Seu lançamento está previsto para março.

A ministra (hahahaha) Martinha anunciou que irá instituir a Medalha do Mérito do Turismo do centenário. Só anunciou, nada concreto.

27.2.08

no norte


Nos tempos em que as especiarias tinham valor de moeda, os portugueses batizaram a pimenta-preta com uma marca própria, pimenta-do-reino. As primeiras mudas vieram do sul da Índia e foram introduzidas na Bahia. Séculos depois, em 1926, cientistas japoneses procuravam áreas para instalar colônias agrícolas no Brasil, a intenção era dinamizar a economia com o desenvolvimento de culturas e novas técnicas de cultivo. No norte do país encontraram os municípios de Manacapuru (AM), Baixo Amazonas, Santarém de Tomé-Açu – PA. Dessas quatro regiões, Tomé-Açu é a mais conhecida, justamente por ter levado o Brasil ao topo no ranking de maiores produtores de pimenta-do-reino do mundo.

Esse título pode parecer sem importância, mas a pimenta tornou-se um dos maiores produtos de exportação do Brasil. Se ela tinha grande valor econômico para um país como todo, regionalmente, ela era ainda mais valorizada. O cultivo da pimenta-preta empregava muitas pessoas e ainda era possível aumentar a renda com o plantio familiar.

Lá nos idos de 1929, a Companhia Nipônica de Plantação no Brasil instalou-se em Tomé-Açu e trouxe os primeiros 189 colonos e, consequentemente, a técnica de plantio intensivo, adotada depois pelos brasileiros.

Com a Segunda Guerra, o governo brasileiro interveio na Companhia e a transformou num campo de concentração. Depois da guerra, os colonos passaram por grandes dificuldades, mas se reergueram com o cultivo da pimenta-do-reino, associando-se a União dos Lavradores (17 membros que continuavam em atividade). Em poucos anos, a cooperativa tornou-se a mais importante do país e referência em sua área.

Tomé-Açu cresceu ao redor da cooperativa, que passou a manter um hospital, postos de saúde e a patrocinar eventos culturais e esportivos, além de oferecer programas educacionais e esportivos. A produção de pimenta-do-reino caiu na década 1980, mas o Brasil continua entre os cinco maiores produtores.

+ Rebraf - outubro/04

+ Abril - 100 anos - agosto/93

+ National Geographic - julho/07

25.2.08

weeeeeeee



Meu sonho de consumo chama-se Wii. Na verdade, não é muito caro, mas aqui o preço é exageradamente exorbitante. Conversando com minha querida amiga Camila, descobri que ela havia comprado um em Nova York. Rapidamente convidei-me para ir a sua casa e fazer uma disputa. No começo é meio estranho, mas depois pega-se o jeito. Com a pouca experiência que tenho, fui praticamente um Agassi no Wii Sports. Tá, nem tanto, fui vencido (por muito pouco, que fique claro)! Mas tive minha revanche no boliche.

Os nerds do mundo inteiro reclamam que precisam fazer muito esforço e suam muito para jogar. Realmente, quem joga Wii não precisa de academia, mas já estava na hora desse povo levantar da cadeira e remexer as cadeiras. Os olhos agradecem. Para quem parou no Nintendo 64, Wii é viciante e revolucionário! Os gráficos não são grande coisa, mas essa não era a intenção da Nintendo. O que eles queriam era maior interatividade e um console que permitisse a qualquer um jogar, e conseguiram. Mix the bourgeoisie and the rebels, o nome é genial.

Por favor, quem for aos States, me traga um Wii para que depois eu vá pra wiihab.

21.2.08

mostra de cinema japonês

Até o dia 9 de março, o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo apresenta a Mostra de Cinema Japonês. São 20 filmes selecionados pelo cineasta André Sturm. As sessões são gratuitas e os ingressos devem ser retirados a partir das 10h do dia de exibição.

Programação

Dia 21/2 (quinta-feira)
13h30 - Paixão Juvenil (1956), de Ko Nakahira
16h - Castelo de Areia (1974), de Yoshitaro Nomura
19h - Mulher de Areia (1964), de Hiroshi Teshigawara

Dia 22/2 (sexta-feira)
13h30 - Mulher de Areia (1964), de Hiroshi Teshigawara
16h - Paixão Juvenil (1956), de Ko Nakahira
19h - Túmulo de Sol (1960), de Nagisa Oshima

Dia 23/2 (sábado)
13h30 - A Luta Solitária (1949), de Akira Kurosawa
16h - Coral de Tóquio (1931), de Yasujiro Ozu
19h - Ilha Nua (1960), de Kaneto Shindo

Dia 24/2 (domingo)
13h30 - Ilha Nua (1960), de Kaneto Shindo
16h - Túmulo de Sol (1960), de Nagisa Oshima
19h - Era uma vez em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu

Dia 26/2 (terça-feira)
13h30 - Dois na Sombra (1967), de Mikio Naruse
16h - As Quatro Faces do Medo (1964), de Masaki Kobayashi
19h - Yumeji (1991), de Seijun Suzuki

Dia 27/2 (quarta-feira)
13h30 - Era uma vez em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu
16h - Castelo de Areia (1974), de Yoshitaro Nomura
19h - A Música Gion (1953), de Kenji Mizoguchi

Dia 28/2 (quinta-feira)
13h30 - Yumeji (1991), de Seijun Suzuki
16h - As Quatro Faces do Medo (1964), de Masaki Kobayashi
19h - Dois na Sombra (1967), de Mikio Naruse

Dia 29/2 (sexta-feira)
13h30 - A enguia (1997), de Shohei Imamura
16h - Sublime dedicação (1954), de Keisuke Kinoshita
19h - Onibaba, a Mulher Diaba (1964), de Kaneto Shindo

Dia 1º/3 (sábado)
13h30 - O Castelo Animado (2004), de Hayao Miyazaki
16h - A enguia (1997), de Shohei Imamura
19h - Gonin (1995), de Takashi Ishii

Dia 2/3 (domingo)
13h30 - Onibaba, a Mulher Diaba (1964), de Kaneto Shindo
16h - Sublime dedicação (1954), de Keisuke Kinoshita
19h - Tabu (1999), de Nagisa Oshima

Dia 4/3 (terça-feira)
13h30 - Tabu (1999), de Nagisa Oshima
16h - Tokyo Porrada (1995), de Tsukamoto Shin'ya
19h - Tampopo (1985), de Juzo Itami

Dia 5/3 (quarta-feira)
13h30 - Tampopo (1985), de Juzo Itami
16h - Tabu (1999), de Nagisa Oshima
19h - Tokyo Porrada (1995), de Tsukamoto Shin'ya

Dia 6/3 (quinta-feira)
13h30 - A enguia (1997), de Shohei Imamura
16h - O Castelo Animado (2004), de Hayao Miyazaki
19h - Tampopo (1985), de Juzo Itami

Dia 7/3 (sexta-feira)
13h30 - Tokyo Porrada (1995), de Tsukamoto Shin'ya
16h - Gonin (1995), de Takashi Ishii
19h - O Castelo Animado (2004), de Hayao Miyazaki

Dia 8/3 (sábado)
13h30 - Gonin (1995), de Takashi Ishii
16h - Tampopo (1985), de Juzo Itami
19h - A enguia (1997), de Shohei Imamura

Dia 8/3 (sábado)
13h30 - O Castelo Animado (2004), de Hayao Miyazaki
16h - Tabu (1999), de Nagisa Oshima
19h - Gonin (1995), de Takashi Ishii

20.2.08

japoguês

Quem não se comunica se trumbica. É verdade. Acho uma bobagem quem deixa de se comunicar alegando que não sabe falar o idioma. Quem quer ser entendido, faz mímica, desenha, gesticula... Japoneses têm dificuldade em falar outras línguas. Também pudera, seu próprio idioma não ajuda muito, não tem “L” nem “J”. Então o jeito foi japonesar o vocabulário estrangeiro. Meu avô falava inglês, japonês e coreano, mas nada de português. Via novela e inventava os diálogos. Já minha avó, também não falava, porém conseguia se locomover até os mais longínquos lugares dessa terra. Veja alguns exemplos:

Panetora = Panetone; Rarandjares = Laranjeiras; Kurahara = Clara; Garaná = Guaraná

Por favor, se encontrar um japonês ou qualquer outro estrangeiro tentando falar português, use sua sabedoria e dedução. No final, dê um sorriso que dá tudo certo.

No vídeo de Encontros e Desencontros, o velhinho só quer sabe há quantos anos Bob está no Japão.

Na próxima segunda, estréia na Band a lacrimosa Haru e Natsu – As Cartas que Não Chegaram. Produção da NHK filmada em Campinas.

14.2.08

doce mais doce que doce de batata-doce

Feliz Dia de São Valentim! O mundo inteiro comemora hoje o dia dos namorados, ou o dia da consciência solteira. Aqui no Brasil, seguimos a tradição portuguesa e comemoramos em junho, na véspera do dia de Santo Antônio. Porém, caro leitor, não custa nada comemorar hoje também. Apesar de ser dia dos namorados, as pessoas dão presentes e cartões para amigos, pais, irmãos... Não precisa estar namorandinho. Happy Valentine’s Day!

Já que o post está açucarado, quase diabético, adiciono o vídeo do Snow Patrol. Porque não há nada mais fofo que uma criança fantasiada de homem-aranha.


11.2.08

feliz bicho novo!


Durante toda minha vida acreditei ter nascido no ano do rato. Porém, a astrologia chinesa disse que sou Javali/Porco, porque nasci antes do Ano Novo Chinês. Se os japoneses e chineses dividem a mesma astrologia, e os japas dizem que sou rato, eu sou rato, não que isso mude muita coisa. Pois bem, segundo minha irmã leu num livro, os nascidos nos anos do rato são controladores e teimosos. Junte isso ao meu capricornianismo e terá uma pessoa insuportável (não que eu seja). Será melhor eu virar porco? Todo esse parágrafo foi uma amostra da falta de assunto que impera em minha mente.

No dia 8 de março, blogueiros do mundo todo farão posts especiais pela Campanha de Valorização da Mulher. Como este humilde blog tem seu lado pink, também estará nessa.

8.2.08

fugiro entrevista

O Fugiro “rouba” um pouco a idéia do Expatriados e lança uma nova sessão, O Fugiro Entrevista. Nessa primeira edição, eu entrevisto Mari Ueoka, que vive há quase 11 anos no Japão. Filha de japoneses, nasceu e cresceu no Brasil. Casada e com três filhos – Yúmin, Lukas e Leonardo – ela divide-se entre o trabalho e os cuidados com a família. Senhoras e senhores, eu apresento Mari.




Há quanto tempo está no Japão?

Já se passaram 10 anos e 6 meses. Cheguei em Hiroshima em agosto de 1997.

Mari, você fez o caminho inverso e foi para o Japão com sua família. Como foram os primeiros meses? Pior ou melhor que você esperava? E a adaptação?

Como meus pais já moravam aqui, viemos mais seguros, pois se houvesse alguma dificuldade, os meus pais nos ajudariam. E a adaptação foi tranqüila, mesmo no primeiro inverno, que é muito frio, adorei!!Pois eu vim grávida e no início de dezembro, no dia que o Leo nasceu, nevou! Foi a primeira vez que vi e senti a neve!!!

Muitos filhos de dekasseguis saem da escola. Seja por não conseguirem acompanhar o ritmo, as diferenças dos idiomas ou por bullying (implicância) que sofrem de colegas de classe. A Yúmin teve problemas em se adaptar?

Ela não teve nenhum problema tanto na creche e na escola primária. Acho que por morarmos numa cidade pequena os estrangeiros são ainda novidades para os pequenos japoneses até mesmo para alguns pais.A Yúmin agora está se formando no curso ginasial. Nesse período de adolescência é um pouco delicado. Mas problema por bullying por ser estrangeira, não teve.

Falando em bullying, você sente preconceito com os dekasseguis?

Como aqui na minha cidade não tem muitos dekasseguis, não vejo preconceito. Os estrangeiros são tratados como cidadãos igual aos japonêses. Pagamos impostos, procuramos seguir as normas da cidade, participamos dos eventos e festivais.

Como é seu dia-a-dia?

Acho que agora vai ficar mais agitada, pois o Leo ainda estará na escola primária, o Lukas irá para o ginásio que a escola fica numa outra cidade e a Yúmin começará o colegial, que é na capital de Hiroshima. E como preocupo com as crianças em relação à escola, procuro participar nas reuniões, atividades, eventos, apresentações deles nas escolas. Pensando em família, nos fins de semana, procuramos passear. Agora no inverno, não temos muitas opções, por causa do frio e da neve. Nós vamos nos shoppings, pois tem tudo em um lugar. Passeio extra é ir na pista de esqui, pois só tem no inverno.

Quando esquenta passeamos para lugares abertos, até um churrasquinho com os amigos no parque fazemos.

Depois de tantos anos, seu olhar sobre o Brasil mudou?

Tive no Brasil há 4 anos. O Brasil mudou externamente, mas internamente, eu não posso te dizer, pois não moro aí. Assistindo notícias pela tv, ou lendo artigos pela internet, não é suficiente para saber.

Tem planos de voltar?

Para falar a verdade, no momento não planejamos. Pensando no bem estar das crianças (que são mais japonesas que brasileiras), na educação, que para o Leo ainda faltam 10 anos (se ele fizer uma faculdade), nós vamos ficando por aqui. Quando eles já estiverem independentes, quem sabe eu e o Mauro pensaremos em voltar.

7.2.08

boa noite



Se você me pedir para imaginar a história de um chumaço de algodão que vira cotonete para se vingar das manicures que usaram seus familiares para tirar esmalte, eu imagino. Devo essa imaginação fértil a centenas de coisas, mas principalmente às histórias que ouvi quando criança. Em casa havia, e ainda há, uma coleção com histórias dos Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen. Esopo, Arabian Nights... As ilustrações não eram bonitas e nem atraentes, mas os contos estavam lá, no original, sem adaptações – A Pequena Sereia não tinha final feliz e a Bela tinha duas irmãs esnobes... Ah, sim, os livros estavam em japonês. Então, se você me perguntasse quem eram meus autores favoritos, eu responderia “Anderusen” e “Gurimmu kyodai’. Havia ainda um livro com 100 contos do folclore japonês, incluindo Momotaro e a Mulher da Neve (minha favorita). Porém, a mais pedida por mim e minha irmã era a história de Karen e seus sapatinhos vermelhos. Sabe quando você pisa numa barata e precisa ver se ela morreu? Era mais ou menos isso. Eis aqui a história:

Karen sempre sonhou em ter sapatos vermelhos, mas sendo órfã e pobre de doer, nunca pôde comprar um. Durante muito tempo, ela juntou todo tipo de retalho vermelho que encontrou, até costurar um sapato. Feliz da vida, saracoteava pelo bosque e acabou conhecendo uma bondosa senhorinha que a adotou. Ao chegar em casa, a velhinha viu os sapatos de trapos e deu uma risada arrogante. Mandou jogar fora. Karen ficou p! Chegou o dia da primeira comunhão e Karen precisava de sapatos brancos. Na vitrine do sapateiro, havia um par de sapatos vermelhos brilhantes. Karen quis, mas a velhinha disse não. Ainda magoada com o ato da velha, a menina trocou os sapatos brancos pelos vermelhos, e quando entrou na igreja... Escândalo!

A velhinha teve um piripaque e morreu. Triste, Karen voltou pra casa, mas não conseguiu tirar os sapatos. Sentindo-se culpada, ela foi ao velório e todos comentaram seus sapatos vermelhos. De repente, os sapatos começaram a dançar. Karen tentava se controlar, mas seus pés não paravam. Ultraje ainda maior! Ela foi expulsa da igreja e foi dançando em direção ao bosque. Chorando e dançando, ela recebeu a visita de um anjo – essa era a parte que me dava medo. Era um David de Michelangelo com indicador de Tio Sam, envolto por uma luz amarela – que a condenou por desobediência. Perguntou se ela não sentia gratidão por uma senhora bondosa que a acolheu e deu um lar.

Caindo de remorso, mas ainda dançando, Karen pediu perdão. O anjo disse que seria perdoada quando se livrasse dos sapatos. Dançando e chorando, ela encontrou um lenhador. Explicou tudo, o quanto se sentia culpada, e pediu para que ele cortasse seus pés! Com uma lágrima nos olhos, o lenhador atendeu ao pedido. Na ilustração: Karen com cara de grata, com duas muletas e sem os pés; os sapatinhos indo embora, dançando.

Pois bem, este post serviu para enfatizar a importância da literatura infantil. Mesmo passado alguns anos, ok, quase duas décadas, ainda usufruo de seus benefícios. É extremamente importante exercitar e estimular o lúdico. Se você tem filhos, leia para ele e não duvide de sua inteligência. Se você já é adulto, exercite sua capacidade de imaginação.

4.2.08

sem comentários



"Eu sou muito medrosa. Tenho medo de mexer nas minhas feições e mudar o meu rosto". Ângela Bismarchi, 41 plásticas, dizendo que vai voltar ao "normal" depois do carnaval.

3.2.08

carnaval e apêndice

Domingo de carnaval: Hora de pôr as perninhas para fora e mostrar a malemolência aprendida durante o ano! É o fusquinha que passa toda hora tocando Trem das Onze, os blocos de uma música só e Nelson Rubens dizendo “OK, OK, OK” em roupa de gala. E lá vou eu queimar (de novo) o filme do Fugiro... É neste ponto que você deve pensar se continua lendo ou pula para o apêndice. A escolha é sua! o fusquinha que passa toda hora tocando marchinhas s perninhas

Tenho carência em festas populares. Nunca fui fantasiado para bailinhos de carnaval, nem nunca pulei quadrilha em festa junina. Talvez seja por isso que tenho prazer em apresentar a Micareta do Fugiro! Já vestiu seu abadá?

Ainda no século passado, fomos bombardeados por uma febre que deixou um monte de menininha grávida (porque só os adultos vêem a malícia). O axé music nos apresentou É o Tchan, que por sua vez nos apresentou Carla Perez, Sheilas, Beto Jamaica, Jacaré e Cumpadre Whashington – até hoje não se conhece a função deste no grupo. Enfim, eles homenagearam a cultura japonesa com um hit chamado Arigatchan, que apresento no vídeo abaixo.




E o que eu não esperava: Um japa expert na dança! Arrasa bee!




Bom, já botei o pé na jaca e a ressaca vai ser braba! Juízo na folia! Assim que conseguir uma foto da Bismarch eu posto aqui.

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APÊNDICE




Ano passado, o Masp recebeu a exposição sobre Darwin, a mesma do Museu de História Natural de Nova York. De tanto adiar, acabei não indo, motivo de arrependimento profundo. Como Deus é bom, a exposição voltou ao Brasil, agora em terras cariocas. Não dá para perder, não é sempre que uma exposição do MHNNY passa por aqui. Site.

Onde: Museu Histórico Nacional / Quando: 23/01 – 13/04 / Quanto: R$ 15,00

Jedis, quebrem o porquinho! Star Wars – The Exhibition chega ao prédio da Bienal no dia 1° de março e vai só até junho. Ainda não vi nenhum anúncio, apenas vi na agenda da Fundação Bienal. Serão 200 peças que fizeram parte dos seis filmes. O que eu quero ver? Tudo, principalmente os figurinos da Rainha Amidala e Darth Vader. Chewie, me aguarde!

Falando em figurino, deixo pro final uma dica bem bacana. O Metropolitan Museum traz o “blog.mode: adressing fashion”. Quem estiver em NY, poderá ver as roupas de diferentes datas até abril. Mas quem não vai estar por lá, pode ver tudo pelo blog da exposição. É interessante até para quem não liga para moda.

1.2.08

acessórios

Aos poucos vou incrementando os serviços deste blog. Hoje adicionei a lista de blogs que leio diariamente, verdade verdadeira. Começando pela Karina Libanesa, que tem o dom de apresentar as coisas mais toscas do mundo. Foi pelo blog dela que conheci outros quatro: “Ah, tá bom então”, “Shoe-me”, “Dri Spaca” e o “Indi(a)gestão”.

O “Ah, tá bom então” é do Alexandre Bessa, que escreve de tudo um pouco, sempre de uma forma simples e elegante. Gosto quando ele fala de cinema e arte. Foi na página dele que vi o curta Opus 66 e tive pesadelos. Ele acabou de comentar sobre “Os Corvos”, um dos segmentos de Sonhos, do Akira Kurosawa.

Adriana Spaca é odiada por muitos, não sei bem por quê. Ela e suas celebridades B fazem meu dia mais alegre, especialmente quando tem um anônimo fazendo seu book fotográfico. Já o “Idas e Vindas” é mais sério, são os relatos de viagem de Carla Portilho. Não sei bem como cheguei lá, estava pesquisando sobre o Peru e acabei ficando.

O “Indi(a)gestão” é cômico e trágico. O cotidiano de Sandra Bose em Nova Deli mostra que a Índia não é tão espiritualizada como é vendida no exterior. Adoro as curiosidades da Increadible Índia, mas perdi o ânimo de ir lá, talvez dar um pulo... O Papel Pop é como o nome diz, pop. Dá pra viver sem, mas é sempre legal dar uma olhadinha.

Hoje recebi a visita de uma leitora que entrou aqui perdida e acabou gostando do que viu. Fui retribuir a visita e encontrei um blog bem simpático. Não sei muito sobre sua autora, só sei que gosta de aipo, japonices e do Orlando Bloom. Ah, ela também é leitora do Shoe-me. Falando nisso... Como já disse, conheci o blog da Sarah pela Libanesa, justamente no hilário post sobre o recém-inaugurado site de Ellen Jabour. Ela “chocha” o figurino das celebridades, na verdade, ela “chocha” quem merece ser “chochado”.

Bom, este são alguns dos blogs que leio diariamente. A lista ainda vai crescer. Dúvidas, críticas e sugestões, mande para dekombi@gmail.com ou deixe nos comentários!

31.1.08

o japonês tranqüilo e cinema à flor da pele




O blog andou meio bagaceiro depois do post sobre Ângela Bismarchi. Para compensar, trago um pouco de beleza. Na primeira metade da década de 1990, Kiyonori Toda veio com sua família trabalhar no Rio. Assustado e curioso, ele perambulou pelas ruas cariocas para ver se a cidade era realmente tão violenta e miserável como lhe disseram antes de vir. Numa dessas andanças, ele entrou num sebo e encontrou um livro de um ilustrador alemão. Nas páginas, paisagens e o cotidiano brasileiro em desenhos feito com caneta hidrográfica. Animado, resolveu fazer o mesmo. O que ele não esperava, era que esses desenhos o aproximariam dos curiosos brasileiros. “Certa vez, eu desenhei o rosto de uma pessoa que se aproximou de mim. Aí, me vi numa situação embaraçosa, pois muitas outras pessoas também vieram, uma atrás da outra, me pedindo para também desenhá-las”, diz ele na apresentação do livro que reúne suas ilustrações. O livro chama-se Rio – Cidade Maravilhosa e teve poucos exemplares impressos, dados apenas a amigos antes de voltar ao Japão, em 1994.


Para mim, é impossível ver um filme sem reparar na trilha sonora. A última que gostei e já está no meu mp3 player, é a de Dario Mariatelli para Desejo e Reparação, uma dobradinha com o diretor de Orgulho e Preconceito. Mas a que está há um bom tempo tocando no meu ouvido, são as trilhas de Amor à Flor da Pele e 2046, ambas de Shigeru Umebayashi. Ah, os dois filmes são de Kar Wai Wong. Trilha boa não precisa ser, necessariamente, linda. É preciso que a música case com as cenas do filme, e as de Umebayashi casam perfeitamente com as exageradamente belas seqüências de Kar Wai Wong. Assim como Denny Elfman, Shigeru Umebayashi também veio de uma extinta banda de rock, a EX. Com o fim do grupo em 1984, ele começou a compor para filmes e programas de televisão, já são mais de 40 trilhas. Umebayashi renovou a parceria com o sr. Wong em My Blueberry Nights e está no próximo projeto do cineasta, The Lady from Shanghai.

No vídeo, uma seqüência de Amor à Flor da Pele (já nas locadoras). A música é Yumeji’s Theme.



29.1.08

quero ser gueixa ou blond ambition

Carnaval é alegria! Lembra da Ângela Bismarchi? A viúva que fez quinhentas plásticas, mas só piorou a situação - vale lembrar que ela casou com mais um cirurgião plástico (espero que ele não morra). Então, para ser coerente com o enredo de sua escola (a Porto da Pedra, que homenageará o centenário da imigração), ela decidiu fazer mais uma plástica: usar fios de nylon para ter olhos de japoguesa! Agora só falta tirar as lentes azuis e parar de descolorir o cabelo, ninguém vai duvidar que ela foi importada! Algum tempo atrás, ela fez uma plástica genital para sambar melhor.




Ninguém segura a Bismarchi, minha gente! Para entender melhor o cérebro dessa moça, veja o vídeo abaixo.



26.1.08

mr. sparkle



Só pra dar uma risada neste fim de semana chuvoso. Homer encontrou um sabão em pó japonês com seu rosto estampado na caixa. Intrigado, ligou para a fabricante, que lhe enviou um vídeo com o comercial do produto.


Episódio: In Marge We Trust, 8ª temporada.

ana maria braga



Quando se diz que os japoneses comem curry, isso quer dizer que eles comem à moda deles, um curry bem menos forte e apimentado que o tradicional indiano. Tudo começou na Segunda Guerra, quando no navio só tinha arroz, alguns legumes, um pouco de carne e um condimento diferente que ninguém dava muita bola. Sem saber o que fazer, o cozinheiro misturou tudo e inventou o famoso karê-rice (curry rice) que caiu literalmente na boca do povo. Eles adoram! Sobretudo, porque é simples de fazer, encontrado em qualquer mercado e rende bastante. Ele é vendido em tabletes, chukara – menos ardido / karakuchi – pra quem tem mais coragem; e, dentro destes dois tipos, em diferentes níveis de ardência. O modo de preparo é fácil, escrito no verso da caixa. Basicamente: refogar a cebola, a carne picada, e adicionar batata e cenoura. Acrescentar água fervente e esperar os legumes cozinharem. Desligar o fogo e dissolver o curry. Pode-se acrescentar pedaços de maçã se preferir. Servir com arroz branco.

No vídeo, a simpática Vivian Wei quase perde os dedos cortando legumes, faz cara de confusa, lê o texto, mas consegue mostrar o passo a passo. Parabéns, Vivian, o curry ficou bonito!



Esse “picadinho” indiano pra japa ver também vai bem com pão, o karê-pan. Se tiver curiosidade de experimentar e sem vontade de fazer, passe na Itiriki em São Paulo. Como curry conversa comigo depois de já tê-lo ingerido, prefiro seu primo shityu (stew), um confort food melhor que carne moída com purê de batata. E ótimo revigorante!





Stew é difícil de ser traduzido para o português, talvez a palavra mais correta seria cozido (como li num livro). O wikipedia-pai-de-todos define como diferentes legumes e carnes cozidos juntos. Bom, de qualquer modo, o shichu é diferente do considerado stew original, o irlandês. Não é uma sopa, mas também não é um creme. Ou melhor, é um creme com legumes e carne (ou frango, ou o que quiser) cozidos. Os ingredientes e o modo de preparo são idênticos ao do curry rice, só trocando o tablete por de shichu e acrescentando outros legumes como brócolis e ervilhas. Depois disso, é acrescentado leite e um pouco de manteiga (opcional).

Todo este post serviu apenas para dizer que comi shichu anteontem e estava muito bom! Às vezes os tabletes de stew fazem greve nas prateleiras das lojas especializadas, então, se encontrar, compre mais de um e deixe guardado. Ótimo para dias mais frios!