28.3.08

2 eventos no rio

Noite do Japão

Culinária, apresentações de Taiko, Kendo, Bon Odori e exposição de Ikebana. Tudo num único lugar.


Quando: 5 de abril – 19:00 às 24:00

Onde: Nikkey – Rua Cosme Velho, 1166. Cosme Velho

Reservas de Mesas: 25569010 / 25585991

Entrada Franca

Sugiro reservar mesa e chegar no início da noite, pois estacionar no Cosme Velho é um sufoco.


36° Undokai

A tradicional gincana para todas as idades.

Quando: 1° de maio – 09:00 às 16:00

Onde: BACS – Base Almirante Castro e Silva, Ilha do Mocanguê Grande. Niterói

A entrada da BACS fica na Ponte Rio - Niterói.

25.3.08

aos fashionistas deste blog



Alexandre Herchcovitch diz que o brasileiro ousa muito pouco quando se trata de moda. Concordo plenamente, por isso adoro o libertário japanese way de se vestir. Pesquisando sobre a figurinista Milena Canonero (+ em breve), descobri o Tokyo Street Style, um site com fotos de transeuntes estilosos de cinco áreas da capital nipônica. Passeando pelo mundinho fashion daqui, vejo sempre a mesma tentativa em ser hype: big óculos escuros, carinha blasé e um look desconexo. No TSS dá para se inspirar e fugir de caricaturas.

Antes que brasileiros xiitas e sunitas atirem pedras em mim. Quando falo que brasileiros são conservadores, me incluo também. Não saio da zona segura e nem tenho paciência para editorial de moda (meu cabelo é testemunha). Se abrirem meu armário, verão que não passo do clichê jeans e camiseta.



21.3.08

kasatô marú e festa de que não começou

O jornal francês Liberation.fr publicou um artigo sobre as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Os franceses se surpreenderam com o fato de um país celebrar uma imigração e indagaram por que nunca houve esse tipo de comemoração na França. Quem conta melhor é a Maria Lina, do blog Conexão Paris: “Uns indagam porque na França nunca houve comemorações deste tipo. Outros respondem que isto seria impossível visto a tensão existente entre franceses e imigrantes e entre grupos de imigrantes de origens diferentes. Uma comemoração qualquer poderia levantar uma série de manifestações contrárias à entrada e à presença de imigrantes na França, discussões políticas sem fim do tipo porque comemorar este grupo de imigrantes e não um outro”.

É importante dizer que a imigração japonesa só é celebrada porque foi de grande importância para o Brasil. Assim como os italianos e alemães, os japoneses contribuíram para o rápido desenvolvimento de diversos segmentos no século passado, principalmente no setor agrário. Por aqui, as celebrações têm sido tímidas e isoladas, organizadas apenas por grupos de descendentes. Segundo me contaram, no Japão não há qualquer lembrança sobre o Centenário, apenas uma nota da imperatriz Michiko dizendo que estará refletindo sobre a dura vida que japoneses tiveram no Brasil. That’s all, mas eu acho muito pouco. Nem vou de dizer como o Rio está comemorando, a pobreza é tanta que dá até vergonha.

19.3.08

um dia de cão



Uma máxima do jornalismo diz que para se vender mais jornal basta colocar foto de criança ou bicho na primeira página. Não há nenhum estudo que comprove isso, mas é fato que notícias com animais sempre chamam minha atenção. É fato também que meu coração é frio como a Sibéria (segundo minha irmã), mas derrete-se com qualquer história bonitinha envolvendo bichos. A internacionalmente famosa Hachiko é um exemplo. Hachiko era a cadela akita de um professor universitário que morava no subúrbio de Tóquio. Todas as manhãs, Hachiko acompanhava seu dono até a estação de trem e o buscava no fim da tarde, até o dia em que o professor não voltou. No dia 21 de maio de 1925, Eizaburo Bueno sofreu um derrame e morreu na universidade. Hachiko passou a ser cuidada por parentes e amigos do professor, mas manteve sua rotina de ir à estação e esperar seu dono. Em 1934, aos 11 anos, Hachiko foi encontrada morta em frente à estação. Essa história ficou tão famosa que uma estátua foi construída em sua homenagem. Com a guerra, todas as estátuas foram derretidas, mas uma nova foi logo feita e continua em frente à estação Shibuya, em Tóquio.

Em 1987, Seijiro Koyama dirigiu o lacrimoso Hachiko Monogatari. Para este ano, um outro filme baseado na história deve chegar aos cinemas, dirigido por Lasse Hallström e com Richard Gere no elenco. Leve lencinhos!



15.3.08

toda mulher é meio leila diniz

Devo e não nego! Prometi um post especial para o Dia Internacional da Mulher, mas devido a outros compromissos, o post vem com uma semana de atraso. Desculpe.

Histórias de princesas ainda encantam meninas de todo mundo. No século passado, uma plebéia inglesa alimentou ainda mais esse reino. Na versão bonitinha, Diana casou-se com o orelhudo Charles, os dois tiveram dois filhos homens, se divorciaram e ela morreu tragicamente num acidente de carro. Já na versão alternativa, Diana roubou Charles de sua irmã e teve diversos casos enquanto ele queria ser o o.b. da amante. A relação ficou insustentável e os dois se divorciaram, para o bem da saúde da rainha. Porém, uma vez princesa, sempre princesa. Grávida, ou não, Diana morreu (ou foi assassinada) num acidente automobilístico ao lado de seu namorado Dodi.

Depois do primeiro parágrafo, você provavelmente deve estar pensando o que os moradores do Palácio de Buckingham tem a ver com este blog. Tudo e nada, eu respondo. Na terra em que calcinhas usadas são vendidas em vending machines, uma outra princesa vive pressões parecidas com as de sua colega. Poliglota, bacharel em artes, formada em economia por Harvard e com pós-graduação, não concluída, em relações internacionais em Oxford, Masako Owada casou-se com o príncipe-herdeiro Naruhito aos 29 anos. Um sonho para qualquer japonesa.

Masako tinha uma carreira promissora no Ministério de Relações Exteriores japonês, mas teve que abandoná-la porque a Constituição Japonesa não permite que membros da família imperial envolvam-se com atividades políticas. Os protocolos e a vida reclusa da realeza nipônica não a agradavam, mas a obrigação de ter um filho homem era a mais cansativa das pressões. Depois de tentativas sem sucesso, Masako teve uma filha, Aiko. Ao mesmo tempo, alívio e decepção. Numa sociedade patriarcal, não é surpreendente que sua Constituição também seja. Uma mulher pode assumir o trono? A maioria dos japoneses diz que sim, mas ainda enfrentam o conservadorismo de alguns políticos.

Masako sempre foi uma Monalisa para mim, por mais ensaiado que seja o comportamento de um membro da realeza, ela sempre me passou a sensação de desconforto. Sua sogra, a imperatriz Michiko foi a primeira plebéia a entrar na realeza japonesa. Quem a vê com seus famosos chapéus e luvas jamais imaginaria que a delicada imperatriz sofreu dura oposição de sua sogra. Mas o que mais me intriga é por que Masako aceitou esta vida?

Cara de apaixonada ela nunca teve. Segundo contam, foi a insistência do príncipe Naruhito que a levou ao altar. Ano passado, um escritor australiano lançou uma biografia da princesa. O livro foi duramente criticado pela Família Imperial e pelo governo japonês por relatar os anos de alto stress e depressão que Masako sofreu até Aiko nascer. Japoneses têm dificuldade em aceitar verdades. Foi só após a morte da sogra da imperatriz que se soube do grande stress que Michiko foi submetida, talvez só daqui a alguns anos a Família Imperial admitirá que os sentimentos de Masako nunca transpareceram nas fotos.

Ainda vê-se mulheres andando um passo atrás dos maridos. Ainda há agressões domésticas silenciadas pela vergonha, ainda há a idéia do dever de submissão feminina. As boas mulheres do Japão ainda cobrem a boca quando riem e acham que a voz infantilizada agrada aos homens. Essa caricatura exótica para inglês ver esconde as verdadeiras boas mulheres do Japão. Estas são modernas desde sempre e sentem o grão de arroz debaixo do colchão.

6.3.08

miau


Se eu tivesse que entrevistar alguém para dividir o mesmo teto, perguntaria como foi sua infância. Filmes, livros, histórias, músicas, viagens... Como já contei aqui, os filmes de Miyazaki, as histórias de Andersen, irmãos Grimm e Esopo foram muito presentes na minha infância, e estendo essa importância até hoje. Tão familiar quanto os personagens populares dos contos infantis está Doremon. Todo mundo que via esse desenho queria ter um Doremon, não só por seu bolso mágico, mas pelo conforto de ter alguém sempre por perto, acho que o maior medo de uma criança é ser abandonada.

A figura do gato-robô que veio do futuro é tão forte que tornou-se ícone japonês em 2002, numa eleição promovida pela revista Time Asia. Cheguei a pesquisar mais sobre o desenho, mas isso qualquer um que tem Google consegue fazer, o que me surpreendeu foi saber que havia vários boatos sobre o final da série. Esse súbito interesse por Doremon surgiu quando vi o último episódio e ele não condizia com o que havia ouvido até então sobre o desfecho da série.

Segundo me contaram, a bateria de Doraemon acabava e se ela fosse trocada, toda a memória dele seria apagada. Diante dessa circunstância, Nobita, o garoto preguiçoso, se empenharia nos estudos até encontrar uma forma de a bateria ser trocada e a memória não ser afetada. Esse foi um dos finais cogitados, ainda há a história de que Nobita seria um autista e tudo teria sido fruto de sua imaginação, ou uma solução genérica, Nobita estaria em coma e a série se passasse dentro de sua cabeça. Obviamente houve protesto contra esses dois últimos finais.

Vi o tal último episódio no youtube-salve-todos e chorei tanto que fiquei com dor de cabeça. Está em japonês e com legenda em inglês. Os links estão logo abaixo.

Parte 1 Parte 2 Parte 3

1.3.08

meu pé de laranja lima

Amo e odeio o Rio. Ultimamente tenho odiado mais que amado. Olhando de longe, é uma cidade linda, uma maravilha de cenário, mas é só dar uma volta que tudo muda de tom. A desordem urbana é mais que absurda! Camelôs, entregadores de panfletos, moradores de rua, trânsito caótico, falta de fiscalização, ausência de sinalização, má conservação... Enfim, os cariocas acreditam tanto na própria malandragem e na leveza de seu cotidiano, que ficam excessivamente informais. Durante algumas décadas, o Rio acolheu muitos imigrantes, mas muitos deixaram a cidade nas décadas de 80 e 90. A maioria viveu nos bairros do Flamengo e Laranjeiras, e justamente falando de Laranjeiras que “homenageio” o 443° aniversário do Rio.


Parque Guinle

Como diz meu pai, Laranjeiras é uma reta. É praticamente tudo que cerca a Rua das Laranjeiras, do Largo do Machado até o início do Cosme Velho. Logo, se algo acontece na rua, o bairro pára. Faz fronteira com Botafogo, Flamengo, Santa Teresa e Cosme Velho. Praticamente um bairro de passagem, para subir ao Corcovado tem que passar por ali. Sobrevive do pequeno comércio e não há muitas opções de lazer, compras, serviços etc. De alguns anos para cá, como um puxadinho da boemia “descontraída” de Santa Teresa, o bairro tem recebido alguns cafés, bares e ateliês, mas nada que encha os olhos. Infelizmente, sofre com o esquecimento do governo municipal e o aumento no número de roubos. Fora o insuportável trânsito na hora do rush – felizmente o bingo foi fechado, mas tem as escolas e suas filas duplas.


Casas Casadas

Bom, não só de coisas ruins vive Laranjeiras, aposto que quando os turistas passam por lá, acham o bairro simpático. E realmente é, mas sem exageros. Pode não ter a sofisticação de Ipanema e Leblon, mas ainda não é desagradável como Botafogo e Copacabana (desculpe, mas acho Botafogo caótico e cheio de cocôs, Copa é uma triste decadência). Gosto particularmente dos prédios antigos da General Glicério e os que circundam o Parque Guinle, conservam um modernismo limpo dos traços de Lúcio Costa. É em Laranjeiras a sede do governo estadual, a residência do governador e o Fluminense – se um dia estiver perto e na hora do almoço, o restaurante do Fluminense oferece comida honesta, e você ainda encontra a Juliana Veloso e os jogadores (como se eu soubesse quem é quem).


Rua General Glicério
Escola Nacional de Surdos e Mudos

O grande número de japoneses no bairro pedia uma mercearia com produtos orientais. Por alguns anos o Kotobuki era apenas um mercadinho oriental que concorria com o Fuji, há poucos metros no mesmo lado da rua. O Kotobuki cresceu, virou restaurante fenômeno e fechou. Já o Fuji continua fornecendo os shoyus, mirins e ajinomotos. Apesar dos pesares, o bairro é continua sendo queridinho no meu coração. As criticas que faço ainda são muitas, mas elas também se estendem aos outros bairros. Laranjeiras é um dos bairros mais antigos do Rio. Ah, e apesar do nome, não tem um pé de laranjeira. Para saber mais sobre sua história, recomendo as visitas guiadas pela excelente e simpática professora Angélica, é só me mandar um e-mail ou deixar nos comentários.