11.10.09

confissões de uma mente perigosa

O mundo ainda está encantado com Carla Bruni e Michelle Obama, mas os meus olhos são de outra primeira-dama. Dona Miyuki Hatoyama disse que já pegou carona numa nave espacial triangular e foi até Vênus. Segundo ela, o planeta é lindo e super verde! Com a mesma naturalidade, afirma que conhece Tom Cruise de uma vida passada e sonha fazer um filme com ele. Ela jura que ele irá reconhecê-la assim que a vir. Não bastando essas confissões, dona Hatoyama conta em seu livro que ela e sua cara metade Yukio - aka E.T. / Alien - se alimentam de luz. Se puder, veja no vídeo abaixo como os dois colhem luz e comem, é tão Pikachu!
Poxa, dona Marisa! Por que a senhora não é assim? Larga os conjuntinhos vermelhos e conte-nos suas experiências! Enquanto isso, aguardo o encontro entre Miyuki e Tom no sofá da Oprah.

7.12.08

picada

Este blog ficou parado por muito tempo, mesmo assim recebi comentários de posts do tempo de Matusalém. O título era Seirogan - a trompeta intestinal, o santo remédio que cura qualquer revolução intestinal. Pensando nele, lembrei de outro santo remédio: o alívio para as picadas de pernilongos. Muhi. O que seria do meu verão sem ele? Meu sangue deve ser o Verve Clicquot dos sangues, porque os danados gostam do que bebem. Muhi salva qualquer coceira, tem cheiro de salompas (nem todo mundo gosta), mas tem que ser na forma líquida, o creme não funciona bem!

salariman


Dias desses meus pais estavam comparando Shall We Dansu com seu remake hollywoodiano. “Eles fizeram tudo igualzinho, mas Richard Gere não tem cara de sarariman”.

“Salariman”. Há milênios não ouço essa palavra, que vem, japoneticamente falando, do inglês salaryman. São pobres assalariados que realizam trabalhos burocráticos dentro de grandes corporações. A imagem de sujeitos desanimados e pouco originais é sempre usada em filmes e mangas. Fora da ficção, são facilmente identificáveis, pois são tão caricaturais quanto.

Como reconhecer um sarariman:

- É mais que evidente que sua vida gira ao redor do seu cubículo no escritório

- Estão sempre fazendo hora-extra

- São pouco originais – em todos os sentidos

- Pouco competitivos

- Obedientes dentro da empresa

- Adoram um karaokê e fumam loucamente

- Estão sempre de camisa branca, terno e gravata.

Os mais radicais são chamados de kaisha no inu (cachorro da empresa, numa tradução mais livre). Os que se rebelam e querem sair dessa vida, cometem o datsusara, que significa sair do emprego e arranjar outro trabalho. A nova ocupação é ser dono do próprio nariz, ser o próprio patrão. Opção difícil, pois não há garantia de sucesso e é preciso uma boa quantia de dinheiro para poder recomeçar.

Então, caro leitor, quando vir um sujeito parecido com a descrição acima, dê um sorriso e mostre que há vida inteligente fora do escritório!

Salaryman 6. Dir. Jake Knight

28.6.08

I could dance all night

Confesso que fui ao concerto ao Municipal só para ver o príncipe. Quando confirmei minha presença, não sabia qual seria o programa. Para minha alegria, a Orquestra Sinfônica da Petrobras fez bonito executando composições de Villa-Lobos e Guerra Peixe, além das participações especiais. Mas e o príncipe? Bom, o príncipe sorria o tempo todo ao lado do governador Trakinas. Totalmente alheio aos constantes comentários que recebia ao pé do ouvido. Ao fim de cada música, batia palmas com as mãos bem abertas, como uma criança. Achei tão engraçado que virei fã. Depois de matar minha curiosidade em ver um membro da realeza, sentei como gente normal e aproveitei a noite. Apesar de os jornais terem escrito que a Joyce emocionou a platéia, eu achei que ela estragou a noite. A cobertura do concerto você lê aqui.

21.6.08

Sob o sol dos trópicos, um homem veio em seu cavalo branco. Seus cabelos balançavam e sua postura ereta mostrava que era um príncipe de verdade. Apesar do calor, nenhuma gota de suor. Tudo bem, não foi bem assim, mas o príncipe é de verdade. Em solo brasileiro desde a última terça-feira, o príncipe herdeiro do trono japonês, Naruhito, tem esbanjado simpatia e quebrado o sisudo protocolo japonês. Até um agradecimento em português ele já fez! Ontem, no concerto da OSESP na Sala São Paulo, aplaudiu de pé por quase três minutos. Na próxima segunda-feira vou conferir se esse príncipe é realmente encantado/encantador. Depois passo aqui para contar tudo.

8.6.08

origami


Na temporada primavera-verão de 2004 da São Paulo Fashion Week, Jum Nakao encantou a platéia com seu desfile. Não sei quais adjetivos poderia usar, mas foi a primeira vez que me emocionei vendo um desfile. A delicadeza das roupas de papel, minuciosamente cortadas, dobradas e talhadas com estilete era impressionante. Para surpresa de todos, ao final do desfile, as modelos rasgaram seus vestidos, arrancando lágrimas de uma platéia acostumada ao blasé.

Hoje, na exposição Nippon, em cartaz até 13 de julho no CCBB, vi dois vestidos do projeto Costura do Invisível. Meninos e meninas, é realmente impressionante. Imaginei os manequins ganhando vida e destruindo aquelas obras, quase chorei. A Costura do Invisível é mais que um desfile memorável, sua concepção está registrada num livro/dvd editado pela Senac. Os bastidores do desfile você confere aqui.

Ah, sim, a exposição. Minha peregrinação começou com um desorganizado e decepcionante desfile de kimonos – eu sei que tentaram fazer o melhor, mas foi tudo muito amador. Som ruim, penteados desleixados, kimonos amassados, modelos nem um pouco modelos e atraso. – Já a exposição valeu a pena, dois andares mostrando um Japão de tradições e moderno. Além da influência da imigração por aqui. A parte do cosplay eu passei rapidinho porque me dá certa vergonha alheia, mas deu vontade de arrancar os pôsteres emoldurados de alguns animes e sair correndo. Se você puder ir, vá. E é gratuito. Tendo um tempinho, passe também na Casa França-Brasil. A exposição "Mulheres Reais - Modos e Modas no Rio de D. João VI" é um luxo. A maioria das peças é reprodução, mas algumas são autênticas. A entrada também é gratuita.

1.6.08

tv

Aproveitando o mês em que se comemora o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, o Discovery Atlas exibe o especial Japão. Para mostrar que o Japão é o país da modernidade e guardião de suas tradições, o especial usa o olhar de um pescador de atum, um tatuador, uma família designer de robôs, duas colegiais de Tókio e uma aprendiz de gueixa. Maiko é aprendiz na casa Ichimame, e ficou conhecida por expor a vida dentro de uma casa de gueixas através de seu blog. O Discovery Atlas Japão vai ao ar no dia 15 de junho, domingo, às 21:00 – horário de Brasília.

Na National Geographic de junho, há uma rápida reportagem sobre o bairro da Liberdade. Dá para ler aqui.

18.5.08

sorriso colgate









Durante minha infância e “adolescência”, concursos de miss estavam fora de moda, mas segundo quem viveu os áureos tempos de Martha Rocha, concurso de miss era um evento: “Olha a Miss Rio Grande do Sul, que linda”, “Ah, eu prefiro a Miss Goiás”, “Mas a Minas Gerais é tão simpática”. Hoje, a única forma de distinguir quem é a representante de cada estado é pela faixa, porque a fórmula estica-e-puxa + silicone = 27 irmãs gêmeas.

Na noite do último sábado, a bancária Karina Eiko Nakahara, de 26 anos, foi eleita a Miss Centenário Brasil-Japão. Karina é neta de japoneses, natural de Mogi das Cruzes (SP), tem 1,76m, pesa 56 kg e é recém-formada em odontologia. Por mais incrível que pareça, as misses descendentes de japoneses não têm a mesma cara. Sem querer ser maldoso, mas já sendo, algumas estão ali por W.O.

Karina Eiko Nakahara ganhou um carro zero e uma viagem a Punta del Este, além de ser coroada pela Miss Brasil (e vice Miss Universo, e atual Mulher-Aranha) Natália Guimarães, que não guardou mágoa de ter perdido a coroa de mais bonita do mundo para uma japonesa bem mais ou menos.

O evento no estádio do Ibirapuera foi apresentado por Sabrina Sato e Kendi (?), além da presença da primeira-dama do Estado, Mônica Serra e do desenhista Maurício de Souza. A festa foi encerrada com o show do KLB. Dizem que o L está bem íntimo da Natália Guimarães. Se a apresentação deles teve influência da Mulher-Aranha, definitivamente ela ainda guarda mágoa de ter perdido para uma japonesa com cara de esquilo.

10.5.08

ink


Estava numa livraria quando vi um livro-catálogo de tatuagens, olhei para o lado e vi um garoto com seu nome tatuado em japonês, “Buruno”. Acho essas coisas engraçadas, mas para um japonês conservador, é um atestado de burrice. De fato, a tatuagem no Japão ainda é associada à criminalidade. Em muitos lugares, como saunas, piscinas, academias e casas de banho, a entrada de tatuados é proibida.

Durante o período Yayoi (300 AC – 300), a tatuagem tinha conotação espiritual e era símbolo de status. Na era seguinte, a Kofun (300AD – 600), a tatuagem passou a ser sinônimo de punição, assim como nos escravos romanos. Só na era Edo (1600 – 1860) que a tatuagem japonesa passou a se desenvolver como a conhecemos hoje, principalmente pela influência do romance chinês Suikoden – épico de grande sucesso que conta a história de 108 bravos guerreiros a lá Robin Hood que tinham seus corpos tatuados com figuras de dragões, demônios, flores e tigres.



A tatuagem japonesa diferencia-se por não usar agulhas, mas uma talhadeira e, claro, a famosa tinta Nara, que fica numa tonalidade azul-esverdeada sob a pele. Durante a era Meiji, meados do século IXX, a tatuagem foi proibida no Japão, voltando a ser permitida só em 1945. Durante esse período, a conotação underground só fez aumentar a procura por tatuadores clandestinos, muitos dos interessados eram marinheiros estrangeiros.



Como disse no início deste post, a tatuagem no Japão ainda é associada à criminalidade, principalmente a Yakuza. Assim como toda boa máfia, os grupos fazem das tatuagens uma prova de lealdade e poder. É quase um clichê em filme quando um homem tatuado entra numa casa de banho e os outros clientes fogem correndo.




Mas claro que pelas bandas de lá, as tatoos também estão na moda. Enquanto por aqui as mais pedidas são ideogramas japoneses, por lá são palavras em sânscrito.

faxina!

Tirando a poeira e as teias de aranha deste blog. Peço desculpas a quem veio aqui e não viu atualizações, pois ando bem ocupado e o Fugiro ficou meio esquecido. Só falta passar um paninho úmido para as coisas voltarem aos eixos.

PS: João Carlos, deixe um comentário ou seu e-mail, por favor!
PS2: Dei um pulo em São Paulo no feriadão e tomei um Ramune!